A libido é definida por uma energia afetiva de ordem sexual, uma da pulsão da vida, da autopreservação, fundamental na formação da personalidade do indivíduo. A personalidade desenvolve sua estrutura em resposta as três principais fontes de tensão, o crescimento fisiológico, as frustações externas aos impulsos e os conflitos internos.
A formação da personalidade acontece pela necessidade do individuo desde a infância para reduzir ou eliminar as tensões.
A libido neste contexto é compreendida como uma fonte de energia capaz de impulsionar o indivíduo para a realização de seus desejos, ou seja, a libido é constituída de força energética considerável, constante e insistente na busca pela satisfação. Assim a maior parte dos conflitos vividos pelo indivíduo é de ordem libidinal, entendendo não a sexualidade no sentido do coito, da penetração ou da malicia, mas de um prazer dirigido à um objeto de satisfação, de uma possibilidade de eliminar as tensões desagradáveis através do prazer, uma ação de empenho para realizar-se no mundo e focada no alívio psíquico.
Nossa mente busca constantemente este equilíbrio entre os desejos e os meios de realização, um trabalho árduo, pois lida com uma quantidade imensa e intensa de energia dirigida ou a ser dirigida, as tensões provenientes de elementos externos e internos provocam estímulos intensos, que se constitui em desejos a serem realizados ou a serem reprimidas, suprimidas ou superadas pelo sujeito devido ao seu potencial destrutivo, este trabalho intenso se bem executado é capaz de proporcionar um aparelho psíquico “estável” ou “saudável”, não aqui fazendo referência a uma suposta normalidade aceita, ou a uma moral imposta pela sociedade, mas falando de uma mente que não sofre com tensões “excessivas” ou uma mente incapaz de lidar com estas tensões, desenvolvendo sintomas e transtornos de ordem psíquica como obsessões, neuroses e psicopatias na intenção de preservar e garantir a sobrevivência psíquica.
A personalidade seria a consolidação de como nosso aparelho psíquico, se organiza para reagir as tensões provocadas, seja por estimulo interno ou externo ao sujeito. A personalidade define nosso comportamento diante do mundo, diante da realização ou repressão de um desejo, ou seja, na forma, na maneira ou caminho que traçamos para a efetivação do impulso ou na repressão de impulsos considerados desagradáveis ou perigosos.
Os mais variados problemas psíquicos, tem como origem traumas de ordem libidinosa, na incapacidade de aliviar ou suprimir as tensões fundamentais na formação da personalidade; (ID) o desejo libidinal que o faz investir no objeto de desejo, e o Ego que considera a ideia perigosa. Neste contexto psíquico, os mecanismos de defesas psíquicas fornecem resoluções mesmo que transitórias para conflitos relacionados a satisfação e realização dos desejos ou a repressão e recalque dos desejos.
O primeiro mecanismo de defesa é a repressão o bloqueio de memórias e dos impulsos emocionais. Este bloqueio, recalca conteúdos, sentimentos, vontades e desejos do sujeito e oculta em nosso inconsciente. Tais conteúdos mesmo que “esquecidos” tem forte influência em nosso comportamento, em nossa tomada de decisões perante a situações experimentadas. Nossa mente tem a tendência reproduzir padrões e procedimentos psíquicos em situações de tensão como forma de defesa, impedindo desejos reprimidos anteriormente sejam despertados, realizando a manutenção do comportamento e da organização psicológica diante do mundo, mesmo que ela seja fonte de dor e sofrimento, pois a dor e sofrimento é conhecido do sujeito é conhecido e esperado, o que leva a recusar o inesperado mesmo que seja para evitar ou suprimir a dor e sofrimento causado pela má conclusão das tensões provocadas pelo desejo.
É neste sentido que muitas neuroses se desenvolvem, como mecanismo de defesa e manutenção da “ordem, psíquica, entretanto, mantém muitas vezes os prejuízos emocionais, e frustrações causadas pela repressão de conteúdos inconscientes mal resolvidos.
Podemos perceber que na má conclusão desta tensão desencadeada pelo desejo, pode causar diversos transtornos de personalidade, de diversos problemas de ordem psíquicas, desde a infância temos que lidar com a frustação pela impossibilidade de realização de nossos desejos, desde sempre administramos conflitos entre as forças dinâmicas internas da nossa mente e sempre estão relacionadas com esta energia libidinal constante e insistente por satisfação. A libido neste sentido tem um papel fundamental na formação da personalidade.
Para Freud formação da personalidade ocorre em estágios, o pré-edipiano, edipiano, de latência, da puberdade, inicio da adolescência e adolescência final, mas estes são assuntos para um próximo texto.
Luiz Henrique – Filósofo e Psicanalista – 18/06/2022