A ansiedade é um estado de alerta, um estado provocado por uma antecipação de uma possível ameaça percebida pelo sujeito, podendo ser efetivamente real e iminente ou imaginária construída a partir de uma percepção excessiva de perigo ou ameaça a sua existência. Os sintomas podem ser taquicardia, transpiração, desconforto abdominal, inquietação, dentre outros, e tem a finalidade de preparar o sujeito para reagir a este perigo como fugir ou lutar.
Podemos também entender que os sinais ou estado assumido no estado ansioso é similar ao medo, com a diferença de que o medo é dirigido a uma ameaça conhecida, já na ansiedade a ameaça é desconhecida.
Atualmente os ataques de ansiedade tem pouca relação com a nossa sobrevivência biológica, ou seja, raramente é justificada por uma ameaça a integridade física real, mas sim a antecipação de eventos indesejados, perturbadores que causem desconforto psíquico, ou por eventos importantes e desejados que não podem dar errado, o “medo” do fracasso em situações desejadas podem ser causa de grande ansiedade, como por exemplo, a realização de uma prova, uma entrevista de emprego, um encontro, entre outras tantas situações que desejamos e não queremos fracassar.
A ansiedade é marcada por uma antecipação do resultado de uma ação ou um evento futuro, que provoca um mal estar, pois o estado de alerta é desproporcional à “ameaça”, já que a ameaça pode sequer existir ou nem mesmo se realizar, ou decorrer de maneira completamente diferente do que aquela projetada pelo sujeito, em muitos casos a ansiedade extrema pode ser incapacitante e impedir o sujeito de vivenciar a experiência.
Na ansiedade é comum o indivíduo fugir da situação que considera causa do seu mal-estar, a ansiedade prepara o sujeito para evitar qualquer situação que provoque as sensações indesejadas, e caso este comportamento, sensações e sintomas passem a ser de intensidade e frequência excessiva ao ponto de prejudicar a vida social do indivíduo, a terapia é indicada para auxiliar a compreensão e superação do problema.
Devemos ressaltar que a ansiedade é comum a todos os seres humanos e em níveis adequados pode ser até saudável, pois o medo muita muitas vezes nos mantém vivos!! Por isso não é considerado um problema, se sentir ansioso antes de uma entrevista de emprego, antes da realização de uma prova ou até mesmo antes de uma relação sexual, no entanto, quando este estado ou sensação se estende e tem efeito prolongado na vida do sujeito e provoca efeito incapacitante, passa a ser considerada um problema.
A ansiedade apesar de provocar sofrimento intenso não pode ser extinta por completo, pois, possui função importante no funcionamento da psique humana, para sua sobrevivência e existência. Pense da seguinte maneira, a ansiedade está relacionada a nossa capacidade de antecipar um problema para melhor lidar com ele.
Mas quando esta antecipação é excessiva, e a preocupação é extrema e desproporcional a um perigo real, passa a ter impactos severos em nossa vida como, agitação excessiva, irritabilidade, taquicardia e dificuldade de respirar, dificuldade de dormir.
A pessoa passa a ter dificuldade de realizar as atividades diárias antes comuns em seu dia a dia e evitar a socialização por medo de ter uma crise em público, passando a alimentar um sentimento de inadequação, de não pertencimento e intensifica o estado ansioso do sujeito.
A psicanálise como terapia tem o objetivo de possibilitar o reconhecimento “deste lugar psíquico” que sua mente ocupa no estado de ansiedade. A análise investiga a “teia imaginária” criada pelo sujeito, e como ela provoca a “organização/desorganização” das experiências, das percepções, das expectativas, das frustrações, dos traumas, dos afetos, dos sentimentos e emoções, que conduz a um estado de sofrimento indesejado e desproporcional à realidade, causando dor e sofrimento.
A necessidade do processo analítico está no fato de muitos dos conteúdos da “organização/desorganização psíquica” nos indivíduos estarem ocultos no inconsciente, não estando acessível para uma nova resolução de conflitos e assim possibilitar uma reorganização.
Não se trata também de apenas fazer emergir conteúdos do inconsciente a nível consciente e num passe de mágica o problema é resolvido, este poder não possui o psicanalista, trata-se sim de “pescar ideias e conteúdos” do inconsciente, “conduzindo” o sujeito à uma análise pela sua própria mente, pelos significados que ele atribui as suas experiências, para que ele próprio perceba quais significados causam o mal-estar, e como ele mesmo a partir de suas possibilidades pode superar os conflitos e traumas mal solucionados e passar a ter um estado psíquico livre dos estados de ansiedades prejudiciais e incapacitantes.
A solução não é de “fora para dentro”, dizer para uma pessoa que sofre de ansiedade que a origem é derivada de um medo excessivo que não tem correspondência na realidade, não proporciona a cura, é necessário que efetivamente a nível inconsciente, a pessoa consiga reorganizar seu estado psíquico. A aceitação da terapia já é um movimento interno para a resolução e o psicanalista é quem conduz o analisando neste processo, o psicanalista inicia uma investigação, uma análise conjunta pelo inconsciente, por “lugares na mente”, que tem por intenção a transformação, o autoconhecimento, a ressignificação e a cura para o sofrimento incapacitante provocado pela ansiedade.
Em casos de sofrimento agudo é recomenda o uso de medicamento, entretanto, sem a terapia como tratamento complementar, sem o processo de transformação analítico, a causa ficará sempre oculta, latente.
A medicação impede que a água do copo transborde, mas não esvazia o copo, não proporciona uma descarga emocional dos conteúdos reprimidos e recalcados, que continuam represados, e basta um abalo considerável para transborde e destrua a barragem.
A psicanálise pode oferecer suporte para o indivíduo superar diversos problemas psíquicos e a ansiedade é uma delas, sem o uso de medicamentos, lembrando que a psicanálise não trata os sintomas, mas a causa!!
Palavra que revela o inconsciente e conduz ao conhecimento de si, é o método da Psicanálise.
Assim se você toma remédios para amenizar os sintomas visíveis e sentidos externamente, tudo bem! é um aliado importante para proporcionar o bem estar e alívio imediato, mas não deixe de buscar a terapia para amenizar a causa oculta e invisível, com resultados a longo prazo!
Luiz Henrique – Filósofo e Psicanalista – 30/06/21
